Se a gente começa a vida já no caminho certo, estudando e trabalhando com esforço, andando com pessoas de bem e sem vícios, acaba descontando tudo de uma vez só quando cansa de ficar cansado de ser excluído. Aí a gente descobre o próprio poder de revolta e decide que não tem problema ficar puto de vez em quando. Os bons princípios continuam lá, vigilantes, mas aos poucos a gente vai deixando de lado a paranoia até achar um equilíbrio.
E se a gente já estreia nesse mundo andando por atalhos tortos pra lugares imprevisíveis, morrendo a cada ressaca pra renascer a cada cigarro e dando risada até a barriga doer mais do que as costas quando a gente acorda na calçada de um bairo desconhecido, de uma hora pra outra resolve arrumar um emprego, ser fiel a uma mulher e buscar um deus. Mas não sabe muito bem como esquecer a vadiagem e acaba conservando lá no fundo alguns traços da personalidade de inútil.
Mas, e depois? Depois que se atinge esse equilíbrio, o que acontece? Com o tempo, um dos dois lados vai voltando a falar mais alto, não dá pra ficar nesse negócio de final feliz. E o que a gente faz, segue os impulsos ou as origens?
A gente descobre que agora tem que encontrar um equilíbrio entre o lado mais forte e o próprio equilíbrio - e nem é tão difícil assim, mas nessa altura já nem dá pra lembrar como era ter paz e seguir uma coisa só e ser uma pessoa só. Por que diabos a vida tinha que ser em ciclos. Tudo bem, se fosse uma linha reta ia ser insuportável, mas à vezes a Terra gira tanto que dá uma tontura.
No fim, o tempo é curto demais pra desperdiçar aqueles momentos únicos sempre em estado de alerta, mas isso vira uma constante e aí já era. A única coisa estável que a gente consegue é a instabilidade, a eterna incerteza do errado.
E quem não concorda com nada disso, eu acho que deveria começar a viver.
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Há 6 anos
1 comentários:
NOssa, acho que sou um desses que fez a coisa deuma hor pra outra xD apesar de ainda nao ter acordado na calçada de um bairro por estar bebado... e sim por estar com sono mesmo!
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