Não quero, não quero, não quero mais que o tempo passe. Logo vai chegar o dia tão aclamado, e eu vou ter que ficar sorrindo com aquela mesma boa vontade das garotas da Rua Augusta. E por dentro só estarei aliviada por não ter uma arma em mãos, o que possivelmente arruinaria meu autocontrole.
Todos os anos é a mesma coisa, em todas as datas por algum motivo "especiais", e todos já sabemos disso, e assim só vai piorando. É como a chegada da noite depois de um dia perfeito, para a maioria das pessoas: doi. Para mim, é como ver o arco-íris desvanecer-se lentamente e saber que o sol permanece mas a chuva não volta mais. Sinto em minhas costas um buraco se abrindo, rasgando a pele, quase a engolir a esperança que tatuei.
Estou preparada para, mais uma vez, pedir desculpas pelo que não fiz, e para fazer promessas falsas - algo que jamais me pareceu nem parecerá plausível, e que no entanto ainda será necessário enquanto eu estiver sob este teto. E também espero que isso se resolva o mais breve possível... aposto que não vou reclamar de pagar aluguel!
Sempre os sentimentos, pra ferrar com as ideias da gente. Quando é paixão, ainda vai, nada que algumas noites solitárias de poesia não ajudem a amenizar - nesses casos o melhor que se tem a fazer é mergulhar na dor. Mas acho que acabei desaprendendo a lidar com o sofrimento por motivos tristes de verdade.
O pior é que vai ser justo num domingo, não vai dar pra escapar. Quero só ver (ou melhor, não quero). Ainda está longe, mas acho que já dá pra começar a escrever uns rascunhos de como foi.
Só pra depois perceber que eu estava errada e mais uma vez nada saiu como eu esperava.
E pra ficar aliviada com isso durante uns três dias, até que o ciclo comece de novo e eu constate que só estive enganada uma vez na vida: a vez em que pensei não estar enganada.
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Há 6 anos
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