Apagaram as luzes dos quartos, mas ninguém foi dormir. Desligaram os computadores e ninguém gostou. As ruas escureceram ainda mais, e o silêncio não foi tranquilidade, mas sim surpresa.
Nada pode unir mais do que a ruptura brisca da individualidade. Ordem, planos, sistemas devem ser abalados, devem ser falhos, mas não podem. Não se sabe desde quando nos controlam, isso também nos foi arrancado da memória. E caminhar sem enxergar o chão nem vislumbrar destino, sem que as luzes amarelas nos ofusquem, e respirar a quietude fresca da terça-feira que ninguém esperava, com isso não sabemos o que fazer.
Só restou escovar os dentes, apagar as velas sem soprá-las, e abrir a janela do quarto ao invés de fechá-la. Sem poder ouvir o semáforo lá da esquina mudando de cor, deitei-me sentindo o escoar da vida, a escuridão levando o tempo embora, e fechar os olhos foi um desperdício, uma quase morte dentro da noite pesada.
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Há 6 anos
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