Outro dia perguntei a duas alunas onde guardavam seus diários; o objetivo era revisar in, on, under, essas coisas. Uma delas afirmou não manter diário algum; a outra respondeu "in my purse".
Então olhei seu sorriso de quase 18 anos e lembrei-me de algo que não aconteceu. Ah, fazia tempo que eu não tinha dessas lembranças.
Alguns meses atrás, teria desejado estar dentro daquele diário, e não me importaria com as páginas rosadas e floridas. Porque me sentiria bem com ela, tomando ares tão diferentes dos meus negro-solitários. E porque estaria sendo importante para ela, meu pequeno corpo dividindo espaço com mil coisinhas de cabelo ruivo.
Lembrei-me do que eu teria pensado, do que teria sonhado à noite, músicas pop e risos adolescentes em tons pasteis.
Mas não me espantei ao não sentir falta dessas coisas; não por causa de não fazer mais parte daquele mundo nem por estar consciente disso. É que hoje sei definir o amor de várias outras maneiras. Tenho só dois anos a mais que a garota do diário, dois anos e dois meses, e as coisas são tão diferentes.
Já amei com inocência e pureza, já passei noites sem dormir e sem acordar por causa de paixões, já sofri por muitas pessoas em muito pouco tempo até desistir de acreditar, e já machuquei sem conseguir sentir dó.
Mas só é amor de verdade quando é diferente, eu acho. Quando é a primeira vez de novo. Senão é repetição e rotina, e pra isso já não tenho forças, aliás, pobre de quem as tem. Amor é necessidade de viver - com ou sem depressão e loucuras hormonais, com ou sem cigarro e chocolate, com a cama quente ou fria. Ainda é necessidade de viver.
Por isso não me fez falta alguma deixar uma marquinha sequer no tal diário. Hoje o amor é outro, e é tudo. Diário até eu tenho, é exatamente isto aqui, já apelidado duas ou três vezes "caixinha de mágoas". Mas começo a me lembrar que também existe uma caixinha de alegrias.
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Há 6 anos
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