Desconhecidos serão sempre muito benvindos por aqui.
Já os conhecidos, bem, não sei fazer milagres.
Só pra esclarecer
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Postado por Katze Yue às 13:28 1 comentários
Pânico, agora sim Pânico
uma resposta ao pesadelo da manhã?
O que pode estar do outro lado,
do monitor
do telefone
do travesseiro?
Sei que foi tão horrível que estou acordada até agora -
- acordada esperando que o agora não seja tão horrível.
Postado por Katze Yue às 01:45 0 comentários
Mais Vinicius
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Trecho de Elegia desesperada
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.
Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.
Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.
Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.
Postado por Katze Yue às 17:05 0 comentários
shhh...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto …
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac
Postado por Katze Yue às 01:43 0 comentários
Ausência do amor total
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O dia amanheceu tarde, primeiro de dezembro, enfim o sabor de fim de ano. Fome, som de pagode do outro lado da rua, sutil sensação de calor.
Mas a tranquilidade, o silêncio. Em algum universo paralelo estou sentada à beira do mar.
Será que é isso que acontece quando não se enxerga mais (quase) nada com que se importar?
Então acho que estou compreendendo os suicidas.
Vinicius de Moraes, que delícia *-*
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
diz tanto nesse momento...
mas também tem outro que não pode faltar, ah, eu sei que não pode!
Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
*
Postado por Katze Yue às 14:08 0 comentários
Diary of dreams?
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Outro dia perguntei a duas alunas onde guardavam seus diários; o objetivo era revisar in, on, under, essas coisas. Uma delas afirmou não manter diário algum; a outra respondeu "in my purse".
Então olhei seu sorriso de quase 18 anos e lembrei-me de algo que não aconteceu. Ah, fazia tempo que eu não tinha dessas lembranças.
Alguns meses atrás, teria desejado estar dentro daquele diário, e não me importaria com as páginas rosadas e floridas. Porque me sentiria bem com ela, tomando ares tão diferentes dos meus negro-solitários. E porque estaria sendo importante para ela, meu pequeno corpo dividindo espaço com mil coisinhas de cabelo ruivo.
Lembrei-me do que eu teria pensado, do que teria sonhado à noite, músicas pop e risos adolescentes em tons pasteis.
Mas não me espantei ao não sentir falta dessas coisas; não por causa de não fazer mais parte daquele mundo nem por estar consciente disso. É que hoje sei definir o amor de várias outras maneiras. Tenho só dois anos a mais que a garota do diário, dois anos e dois meses, e as coisas são tão diferentes.
Já amei com inocência e pureza, já passei noites sem dormir e sem acordar por causa de paixões, já sofri por muitas pessoas em muito pouco tempo até desistir de acreditar, e já machuquei sem conseguir sentir dó.
Mas só é amor de verdade quando é diferente, eu acho. Quando é a primeira vez de novo. Senão é repetição e rotina, e pra isso já não tenho forças, aliás, pobre de quem as tem. Amor é necessidade de viver - com ou sem depressão e loucuras hormonais, com ou sem cigarro e chocolate, com a cama quente ou fria. Ainda é necessidade de viver.
Por isso não me fez falta alguma deixar uma marquinha sequer no tal diário. Hoje o amor é outro, e é tudo. Diário até eu tenho, é exatamente isto aqui, já apelidado duas ou três vezes "caixinha de mágoas". Mas começo a me lembrar que também existe uma caixinha de alegrias.
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Ghost of Freedom
sábado, 21 de novembro de 2009
E fez-se a luz novamente, pintada de preto, vestindo risos pálidos, há muito tempo escondidos atrás das imagens falsamente perfeitas.
Dentro de alguns dias mais, desfaz-se a ilusão, e vem a cruel certeza, a notícia anunciada por voz inaudível. Sim, estou doente, e doente sozinha. Não, isto não tira o frescor de sentimentos como aquele - é algo maior, e não sei o que fazer, e estou só e o tempo (ele de novo!) é outra espécie de "caixinha de mágoas".
Postado por Katze Yue às 02:44 0 comentários
* Blackout *
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Apagaram as luzes dos quartos, mas ninguém foi dormir. Desligaram os computadores e ninguém gostou. As ruas escureceram ainda mais, e o silêncio não foi tranquilidade, mas sim surpresa.
Nada pode unir mais do que a ruptura brisca da individualidade. Ordem, planos, sistemas devem ser abalados, devem ser falhos, mas não podem. Não se sabe desde quando nos controlam, isso também nos foi arrancado da memória. E caminhar sem enxergar o chão nem vislumbrar destino, sem que as luzes amarelas nos ofusquem, e respirar a quietude fresca da terça-feira que ninguém esperava, com isso não sabemos o que fazer.
Só restou escovar os dentes, apagar as velas sem soprá-las, e abrir a janela do quarto ao invés de fechá-la. Sem poder ouvir o semáforo lá da esquina mudando de cor, deitei-me sentindo o escoar da vida, a escuridão levando o tempo embora, e fechar os olhos foi um desperdício, uma quase morte dentro da noite pesada.
Postado por Katze Yue às 01:39 0 comentários
Lord, I question whether I've had my fill
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Tenho pensado tantas vezes antes de cada palavra que escrevo, todas elas aprofundam o sentimento de culpa por acreditar que está próximo o dia de encontrar algo que estou procurando.
Enxergar a vida como ela é não é fácil, viver não é fácil, é o que dizem muitos. A questão é, supondo que se consiga, será que vale a pena e o resultado é bom mesmo?
Lord, I question whether I've had my fill
Lord, I question whether I can take much more
You may laugh as I lay here bleeding
No more afters or befores
Once my blood was strong but now it's jaded and it's thin
Unlike you I can still tell right from wrong
Postado por Katze Yue às 03:15 0 comentários
Im Schatten meines Lebens
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
É muito diferente o que se sente ao observar a noite pela janela, sem óculos riscados para embaçar a visão nem blusa para proteger do vento gelado. É muito diferente ouvir música no volume máximo às duas da manhã, tentar escrever em linha reta no escuro, ou saber que é impossível fazer o tempo passar.
Mas mesmo assim vesti a jaqueta, acendi a luz e deixei o Lacrimosa tocando baixinho:
Ich war auf der Gallerie menes Geistes
Ich hörte die Musik meiner Seele
Finalmente algo está mudando, algo que tenho esperado por tempo demais, algo que não sei definir de forma alguma. É incrivelmente obscura e real a sensação que tenho de estar começando a me recuperar de alguma espécie de vício em drogas. E fecho os olhos pra enxergar melhor, em que estou transformando a vida desta vez?
Dreh dich um
und zeig mir dein Gesicht
Postado por Katze Yue às 13:24 0 comentários
Cry for the moon
sábado, 24 de outubro de 2009
To die by your side is such a heavenly way to die...
Amanhã estou indo pra Atibaia, espero voltar no domingo com coisas novas na cabeça, e menos preocupação com os problemas que existem mesmo e pronto.
Andei voltando a ouvir Lacrimosa, Theatre of Tragedy, Epica.
Eternal silence cries loud for justice...
... you cannot hide yourself behind the fairy tale
Eu volto!
Postado por Katze Yue às 00:45 0 comentários
Observação
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Queria deixar claro que eu não perdi a capacidade de mentir, de enganar, de fingir que estou bem - só estava com medo de que você acreditasse.
É, estou bem novamente, a tranquilidade que só o sentimento verdadeiro me traz. Mas agora não vou ficar falando muito não, preciso me concentrar mais no que fazer.
E preciso continuar bem, faltam trinta e quatro horas pro meu aniversário, e não posso passar o sábado inteiro triste, porra!
Sabem, comentários em qualquer um dos meus infelizes posts ajudariam essa causa =)
[/tentando-não-ser-carente-sendo-engraçadinha]
*
Postado por Katze Yue às 00:48 1 comentários
Silêncio
terça-feira, 13 de outubro de 2009
As noites têm sido conturbadas, não estou mais conseguindo nem chegar aqui e ficar exibindo as minhas definições pra tudo.
Estou feliz, o feriado foi bem aproveitado, com os problemas velhos e algumas alegrias novas. E não deixa de exitir aquela espécie de "ponto cego" da minha vida, algo que não me deixa pensar sobre o que devo fazer, não mesmo.
Mas estou com fome, com frio e tenho muito o que estudar, portanto a boemia aí fica para mais tarde.
Postado por Katze Yue às 12:30 0 comentários
Scent of the sea, before the waking of the world
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Noite passada, senti-me novamente mergulhando nas gélidas águas do alto-mar em Parati. Aquelas tão hipnoticamente descritas na Ghost Love Score, do Nightwish de Tarja. Não, não estou louca. Há exatos cinco anos, passei todos os meus três das na cidade ouvindo em pensamento
We used to swim
the same moonlight waters
Oceans away
from the wakeful day
E o quadro em minha mente era tão nítido, dois corpos jovens brincando infantilmente no mar sob a lua cheia; ela vestindo apenas seus longos cabelos negros, ele de olhos azuis e músculos fortes. No segundo dia de viagem, a bordo de um barco com mais de cinquenta pessoas, em meio a tantas vozes e ao sol do meio-dia, cheguei a entrever a cena silenciosa diversas vezes. Nunca mais pude ouvir a Ghost Love Score, ou praticamente qualquer outra faixa do álbum Once, sem lembrar-me daquela viagem.
Nesta última madrugada, por alguma razão que desconheço, senti-me assim novamente. Talvez a surpresa de não ter tido um acesso de depressão, talvez o entusiasmo com aquela conversa de projeção astral, também o amor e o frio e a expectativa da sexta-feira - tudo isso me trouxe uma tranquilidade fresca com perfume de Yemanjá. Ao som do The Sundial, "Spirits of the dead".
Adormeci lentamente, certa de estar flutuando. Tudo está voltando a seu lugar, e a respeito das dúvdas que tive algns dias atrás, já tomei minha decisão.
Fecho a noite com um trecho do Placebo:
It seemed to last for hours
It seemed to last for days
This lady of the flowers
and her hypnotic gaze.
*
Postado por Katze Yue às 23:53 0 comentários
Cemetery Gates
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Ao mesmo tempo em que a gente se acostuma às pedras do caminho, elas vão machucando mais e mais. Os surtos já não me surpreendem, mas têm hora exata para começar, estendem-se noite adentro e afogam-me em longas noites sem sonhos. Acordo já perto das 11h - e não menos abalada. Pelo contrário, a luz do sol, a certeza da vida passando lá fora... ah, agonia!
Estou precisando das minhas músicas, do meu silêncio. Precisando talvez que a noite volte a ser só minha.
E essa depressão vazia que me inquieta por volta das 21h30, que me faz magoar quem me ama, que me faz sofrer, que me faz voltar aqui porque quanto mais sofro menos confio. Ando à beira de um abismo cada vez mais fundo, ando esquecendo-me de como é a vida do lado de fora, e sempre às 21h30 canso-me de viver.
Postado por Katze Yue às 01:40 0 comentários
There is a light that never goes out
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Acho que não sou digna o suficiente pra aprender a perdoar, não quando se trata do meu ponto mais fraco. Tá, mas é meu ponto mais fraco.
Sabe aquela Kika, da MTV? Tirei do blog dela:
"Que graça tem perder aquele olho no olho que te pede algo que só você sabe fazer pro outro, algo que vocês descobriram juntos? Que graça tem deixar de sentir o mundo derretendo ao seu redor durante aqueles segundos que antecedem o final?"
(07/07/2009)
É, eu não sei >.<
Enfim, andei largando o esconderijo aqui porque preciso estudar pro vestibular, e também por motivos muito menos nobres, como a diária fuga de casa e a constante falta de dinheiro [se eu tivesse iria a uma lan house].
Outro dia quebrei o pau por aqui, avisei que ia dormir fora e fui mesmo, sob a não-aprovação de todos.
A noite estava gentilmente fria, silenciosa na medida certa, o ar pareceu bem menos poluído.
De alguma forma isso me lembrou a sensação de liberdade experimentada nas aulas da auto-escola, e juntando tudo isso, dá uma música dos Smiths:
Take me out tonight
Where there's music and there's people who are young and alive,
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one, anymore
Take me out tonight
Because I want to see people and I want to see life,
Driving in your car
Oh please don't drop me home
Because It's not my home, it's their home
And I'm welcome no more
And if a double-decked bus crashes into us
To die by your side is such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure, the privilege is mine
Take me out tonight
Oh take me anywhere, I don't care, I don't care, I don't care
And in the darkened underpass I thought oh God, my chance has come at last
But then a strange fear gripped me and I just couldn't ask
Take me out tonight
Take anywhere, I don't care, I don't care, I don't care
Just driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one, oh Lord
No I haven't got one.
There is a light that never goes out...
Puxa vida, é nesse momento mesmo que eu não posso esquecer que tudo isso é verdade. Às vezes a gente acaba confundindo amigos com inimigos, são essas coisas de ponto fraco que deixam a gente sem estrutura nenhuma, mas o Morrissey aí acabou de me lembrar não sei o quê.
E olha só, já é sete de setembro, que data tão importante.
Exatos 40 dias pros meus 20 anos.
Postado por Katze Yue às 03:43 0 comentários
As dead as yesterday
terça-feira, 19 de maio de 2009
Nunca evitei sentimentos, mas simplesmente por não saber como - e não me arrependo de nada porque a vida é muito curta. Mas acaba chegando uma hora em que dá medo de estar tão feliz e perceber que isso talvez faça diferença mesmo. Acho que não é normal lutar tanto contra a vontade de dizer uma simples palavra, aquela que com certeza estragaria tudo, e continuar em silêncio, sabendo que estou em paz.
Não é possível, alguma coisa tem que dar errado.
Só hoje consigo enxergar isso de fora, como a garota que observava as gotas de chuva através da janela do ônibus, em um post mais antigo aí. Consegui voltar para casa sem ter ataques dos nervos nem lamentar aquilo que não pode acontecer mesmo; e no entanto, sei que existe saudade, em algum lugar por aqui existe sim.
Se isso não é bom, mas não traz dor nem deixa um vazio, como devo reagir?
Deve ser verdade aquilo lá de saber demais e envelhecer depressa, deve estar na hora de morrer.
It'll leave you with nothin' to say
Lost without a way
Ain't it funny child
Love sometimes leaves you
As dead as yesterday
Hoping to hold a handful of sunshine
Like a child told it cannot play
Never ever figured Lord love would leave me feeling
As dead as yesterday
Oh Lord... could you help me find some shelter?
Oh Lord... could you help me find some shelter?
It'll leave you feeling hollow and helpless
And there is where you'll stay
Ain't it funny child...
Love sometimes leaves you
As dead as yesterday
As dead as yesterday...
As dead as yesterday
Zakk Wylde
Postado por Katze Yue às 00:18 0 comentários
Início do fim
domingo, 17 de maio de 2009
E pela primeira vez fiquei cansada. Num sábado à noite, vento gelado, cigarros e a solidão do amor que jamais acontece. Pela primeira vez fiquei cansada.
Ainda a enxergo diante de mim envolta em brancos lençois, massa disforme por detrás da bruma de intensa feminilidade que exala e que a envolve de fora para dentro. Aquela que não poderei conhecer, que não poderei encontrar nas ruas nem nos pesadelos, de quem não me esquecerei nem sentirei saudades.
Pela primeira vez, fiquei cansada.
Ainda lamento não ter tido uma caneta, ou uma faca que fizesse jorrar meu sangue, a fim de deixar as marcas da alma em meu mundo podre e vazio. Ah não, eu não derramaria o precioso líquido para ser usado como tinta, para com ele moldar palavras que tingissem velhas folhas de papel ou os lençois impregnados da mulher que não existe.
Muito pelo contrário.
Do sangue surgiria o livro branco em vermelho; no líquido seriam gravadas as memórias de minha amnésia permanante. Escrever palavras em sangue é fácil demais - a dor de perfurar com elas o mundo de fora para dentro faria mais efeito.
Ainda sinto as extremidades de meu corpo pulsando violentamente, não tenho um coração dentro do peito, apenas um buraco negro que tudo suga e a todos atrai. Mas minhas veias e artérias têm como destino o interior do crânio, um bando de terminações nervosas onde deveria haver cérebro, e que no entanto não deixam qualquer espaço para racionalidade alguma.
Pela primeira vez, estou cansada.
Nichts bewegt sich
Ich kann nicht mehr...
Ich bin so müde
Lacrimosa
*
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Velha
sábado, 16 de maio de 2009
Quando eu era criança, li que quem sabe demais envelhece mais depressa. Não entendi muito bem. Mas hoje sou a prova viva disso.
É, eu li essa frase há mais de oitocentos anos.
Postado por Katze Yue às 16:33 0 comentários
Só mais umas considerações femininas
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Eu quero conversar palavras, e não espinhos; quero comer chocolate sem gosto de lágrimas. Quero ficar triste pelos meus motivos, não pela agonia de não saber o que fazer com os motivos dos outros. E quero poder dormir de olhos fechados.
Já descobri como é legal entrar de cabeça naquilo em que a gente nem acredita, e descobrir a felicidade pura em coisas tão estranhas que só de pensar já dá um pouco de medo. Já percebi que nesses assuntos nunca existe o certo e o errado, e que muitas vezes a atitude mais prudente é ser inconsequente mesmo, não pensar e fingir não sentir.
E já sei muito bem que esse "ditado" aí é a maior estupidez:
Nunca chore por alguém que não merece as suas lágrimas;
quem realmente as merece não lhe faz chorar.
Isso aí é papo de quem espera príncipe encantado, credo!
Bom, olha só quanta coisa eu aprendi, hein... e vê se por acaso elas diminuem a minha tristeza, aquela que chegou de repente pra envenenar a melhor das noites e tornou a manhã pesada e o dia cinzento. Ah, não mesmo! Quanto mais a gente acredita, mais encontra sinais pra não acreditar.
Só porque hoje o mundo não foi pequeno o suficiente pra eu te encontrar por acaso na estação da Sé às seis da tarde.
Postado por Katze Yue às 00:57 0 comentários
Hoffnung? Ou só burrice?
terça-feira, 12 de maio de 2009
Mais uma noite de muitas horas de música e poucas de sono, de acordar cedíssimo pra ir trabalhar, de passar uma tarde mais ou menos produtiva. Nos últimos dias a primeira coisa que tenho feito é mandar SMS por celular para uma certa pessoa, e hoje não foi diferente. Mas talvez amanhã seja.
Como diria minha irmã, sai dessa vida... pois é.
O fato é que essa existência não é sempre a porra de um ciclo muito poético e bonitinho, mas sim uma brincadeira de gato e rato que pode chegar a ser ridícula. A gente não gosta de ser trouxa, mas também não perde uma oportunidade, e ainda acha que tem o direito de ficar feliz quando encontra outros infelizes que também são assim.
Enquanto tem alguém que faz de tudo pra não demonstrar o que está pensando de verdade, só pra ser legal. E a gente finge que acha isso realmente legal.
Será que só se sente saudade com a consciência pesada? Ou isso é o que se pode chamar de sentimento de posse? Será que quem diz não enjoar das pessoas, é porque quer que todo mundo morra mesmo?
No começo de tudo, sempre parece que a gente está prestes a acordar ou a cair de um precipício, é bom demais pra ser verdade. E vai ficando tããão feliz quando vê que as coisas são reais e que isso não vai acontecer não. Mais ainda quando percebe que alguém sente exatamente o mesmo (?).
Mas uma hora a gente cai mesmo e pronto. E doi!
Postado por Katze Yue às 01:01 0 comentários
Ashes
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Já estou de volta. Não me agrada abandonar este antro disfarçado de poesia, mas a viagem do fim de semana e, antes, os preparativos emocionais para ela, drenaram-me completamente as palavras e pensamentos lógicos do cérebro.
E depois do acidente de carro que sofri logo no dia primeiro, poderia não ter voltado mesmo!!
Três dias diferentes, únicos, perfeitos. Mas que não me deram oportunidade de esquecer que, quanto maior a altura, pior a queda.
Eu acredito que, com a maioria das pessoas, por mais diferentes que sejam os problemas, o caminho para encontrar a solução é o mesmo - aquela confortável estrada deserta saída de livros infantis, pela qual se vai andando e sentindo o sol no rosto em meio às arvores. Por mais que ali possam surgir obstáculos algumas vezes, ela sempre levará a um lugar já conhecido.
Mas comigo, pra variar, é o contrário. Motivos para ser feliz são cada vez mais infinitos; bons momentos nunca se repetem, o que os torna ainda melhores. Já os maus, esses sim uma cápsula do tempo, aparecem em qualquer situação, aparecem quando menos espero - mesmo que eu normalmente espere! E aprisionam-me na memória, levam-me de volta aos ciclos sem fim onde todos os problemas são um, onde todos os risos de calam diante da lembraça de um instante de decepção no olhar. Decepção que, repito, consigo esconder perfeitamente, mas não quero.
Não querer acreditar no presente, acontece quando a gente está com problemas. Não acreditar no futuro é normal algumas vezes. Mas por que eu não consigo acreditar no passado, em coisas boas que já aconteceram? Só mesmo quando elas voltarem para me atormentar em sonhos?
Postado por Katze Yue às 00:43 0 comentários
Resposta
terça-feira, 28 de abril de 2009
E você me pede pra não dizer tudo que penso, porque às vezes nem pareço ser eu mesma. E diz que está brincando quando na verdade não está.
E você quer ver meu sorriso a cada vez que imaginar estar pousando os olhos sobre minha face, por mais que estejamos separados pelo espaço e pelo tempo, e com tantos mares e oceanos a correr nesses seus mesmos olhos.
E você me pede pra esquecer quem já ficou pra trás e os lugares onde me perdi uma única vez.
A luz sem o amanhecer. Os efeitos sem a droga. Os nervos à flor da pele, a mente paralisada para qualquer raciocínio frio que não admita banhar-se na incandescente lava de minha insanidade mental. E aos poucos vai sendo derretido o último vestígio de consciência.
Em um coração vazio, toda a profunda dor dos sentimentos a que não se dá nome - um vazio repleto de sangue, mas de sangue alheio, gotejando acordes lentos, nota por nota, tocando o solo negro no ritmo de minha respiração. Eis que a agonia se faz melodia, e não tenho mais por onde retornar às terras do ingênuo silêncio... agora submersas.
Postado por Katze Yue às 00:23 1 comentários
Inerte
domingo, 26 de abril de 2009
Eu subiria na mesa escura para afastar as pesadas cortinas escuras, e ali ficaria debruçada, a observar o cair da neve. Passaria a noite em silêncio, esperando eternamente que cada um dos flocos esbranquiçados alcançasse o solo, e desaparecesse em meio àquele mar de algodão, fazendo-o aumentar aos poucos - até, quem sabe, envolver lentamente as janelas, as cortinas e toda a casa, no silêncio da noite, encobrindo tudo, engolindo a si mesmo.
Pois é, fiquei três dias sem postar, e quando volto estou pensando nisso. É que a vida é feita de altos e baixos, e na minha eles sempre se alternaram em questão de horas, então há o que escrever a todo momento; nos últimos três dias, entretanto, a queda livre tem tornado impossível pensar em qualquer coisa por mais de quinze segundos. Agora, enquanto abasteço-me de textos e fotografias e todo tipo de lembrança de outros períodos obscuros dessa mesma vida, percebo que é verdade que só se vive uma vez: as lágrimas que já sei como secar, essas não voltarão.
Desanimador é também o clichê de só conseguir pensar em morte. Talvez porque a vida seja complexa demais - é sempre vida e cansa e engana e desespera. Sim, essa é a última coisa que eu teria gostado de escrever nisto aqui. Mas sou um poço de raiva e mágoa, aos poucos evoluo para o ressentimento e o ódio, e não há nada que me faça voltar a enxergar as coisas de maneira racional.
Porque racional, aliás, nunca soube ser e tampouco fiz questão; a diferença é que antes agia com o coração e cometia atos inocentes. Agora ele está sujo, e até que haja tempo de renovar todo o sangue deste corpo, transcorrer-se-á tempo suficiente para que tudo mude mais uma vez, e outra, e mais outra. No fim, inevitavelmente, tudo terá sido inútil.
Talvez eu subisse novamente na mesa para puxar as cortinas da cor do vinho de volta ao seu lugar. Então desceria, procurando não fazer barulho, caminharia até a porta à esquerda das grandes janelas e giraria a maçaneta no sentido anti-horário, para sentir o vento surpreender-me com um gélido golpe nas faces. E caminharia por sobre a neve amontoada no quintal, no solo outrora negro, deixando um sutil porém intenso rastro de gotículas vermelhas.
Perdendo sangue, ganharia forças para refletir. Não sei exatamente quando deixei de ser feliz, mas esse não é o problema - é que não sei quando voltarei a sê-lo, e sobretudo como.
Mas assim é a vida, refugio-me na morte para não ter que pensar em como sair dela, até o dia em que acordarei viva de novo.
E eu não sei que estou morta, não faço a menor ideia disso e se me contassem eu não acreditaria - mas estou, entende?
Ainda espero que a montanha que agora se formou no quintal sob a goiabeira continue crescendo. Que a neve se una ao branco inatingível do céu, acima das folhas verde escuras já quase sem vida. E que meu corpo possa ser envolvido em seus braços mornos.
Postado por Katze Yue às 02:49 2 comentários
Chorar também não faz mal
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Não quero, não quero, não quero mais que o tempo passe. Logo vai chegar o dia tão aclamado, e eu vou ter que ficar sorrindo com aquela mesma boa vontade das garotas da Rua Augusta. E por dentro só estarei aliviada por não ter uma arma em mãos, o que possivelmente arruinaria meu autocontrole.
Todos os anos é a mesma coisa, em todas as datas por algum motivo "especiais", e todos já sabemos disso, e assim só vai piorando. É como a chegada da noite depois de um dia perfeito, para a maioria das pessoas: doi. Para mim, é como ver o arco-íris desvanecer-se lentamente e saber que o sol permanece mas a chuva não volta mais. Sinto em minhas costas um buraco se abrindo, rasgando a pele, quase a engolir a esperança que tatuei.
Estou preparada para, mais uma vez, pedir desculpas pelo que não fiz, e para fazer promessas falsas - algo que jamais me pareceu nem parecerá plausível, e que no entanto ainda será necessário enquanto eu estiver sob este teto. E também espero que isso se resolva o mais breve possível... aposto que não vou reclamar de pagar aluguel!
Sempre os sentimentos, pra ferrar com as ideias da gente. Quando é paixão, ainda vai, nada que algumas noites solitárias de poesia não ajudem a amenizar - nesses casos o melhor que se tem a fazer é mergulhar na dor. Mas acho que acabei desaprendendo a lidar com o sofrimento por motivos tristes de verdade.
O pior é que vai ser justo num domingo, não vai dar pra escapar. Quero só ver (ou melhor, não quero). Ainda está longe, mas acho que já dá pra começar a escrever uns rascunhos de como foi.
Só pra depois perceber que eu estava errada e mais uma vez nada saiu como eu esperava.
E pra ficar aliviada com isso durante uns três dias, até que o ciclo comece de novo e eu constate que só estive enganada uma vez na vida: a vez em que pensei não estar enganada.
*
Postado por Katze Yue às 20:50 1 comentários
Um instante de simples pureza
Faço um breve parênteses, com a luz do Sol a emprestar um pouco de vida saudável a esse monte de divagações noturnas e lágrimas secas da madrugada.
Não há sensação de maior paz do que a de fazer uma criança dormir. Vê-la chorando, beijar seu rosto molhado e lavá-lo com carinho; tentar conversar com ela, e descobrir que seu único problema é o sono. Deitá-la no colo e passar a mão suavemente por entre seus cabelos até que adormeça.
É, quem acaba conhecendo demais a vida noturna, a depressão, as coisas sombrias e todo essa blablablá, não tem muita noção das alegrias mais simples. E se encanta facilmente.
"Não há ninguém que saiba demais neste mundo..."
Postado por Katze Yue às 15:17 1 comentários
Um adeus...
Não é começo de semana, não é fim de mês, meu time não foi derrotado e não estou na TPM.
Mas tudo isso só torna ainda mais difícil a constatação de que não haverá amanhã.
Só o silêncio da noite e o vento cada vez mais frio, a congelar a eternidade.
Sim, essas palavras são pesadas, porque esta é uma noite pesada, os sons que ouço são pesados, tudo está pesado e meu coração não é diferente.
Sempre sonhei com o dia de voltar-me para trás pela última vez, e agora já não sei para que lado devo olhar.
Aos novos amigos, obrigada pela oportunidade da companhia e da distração, novas ilusões em que acreditar para ser feliz aos fins de semana.
Aos velhos amigos, obrigada por tanta paciência! Que permaneçam apenas os bons momentos na memória.
Aos parentes... que encontrem seus caminhos.
Mãe
acontece muito de duas pessoas não se darem bem, há muito tempo eu acho que um pouco de distância e de saudade poderia resolver nosso problema.
Pai
por que é que quanto mais a gente quer se aproximar de alguém, mais a gente se afasta?
Trabalho, estudo, planos e mais planos. Uma hora tudo vai por água abaixo. Menos a dor, aquela que nos acompanha a vida inteira e só tira um descanso de vez em quando; aquela da qual tanto sonhamos em nos livrar. É, foi tempo perdido.
Aqueles que apresentei, espero que não deixem de se ver. Àqueles que separei, a vida ainda será longa, resolvam seus problemas.
Não tenho nenhuma doença terminal, não fui 'escolhida' para nada, mas a verdade é que preciso me despedir. Porque a estrada da paixão por cada instante e do amor inconsequente levou-me a uma rua sem saída, e todos os portões estão fechados.
LACRIMOSA
Ich verlasse heut' dein Herz
Verlasse deine Nähe
Die Zuflucht deiner Arme
Die Wärme deiner Haut
Wie Kinder waren wir
Spieler - Nacht für Nacht
Dem Spiegel treu ergeben
So tanzten wir bis in den Tag
Ich verlasse heut' dein Herz
Verlasse deine Liebe
Ich verlasse heut' dein Herz
Verlasse deine Liebe
Ich verlasse deine Tränen
Verlasse was ich hab'
Ich anbefehle heut dein Herz
Dem Leben - der Freiheit
und der Liebe
So bin ich ruhig -
Da ich dich liebe!
Im Stillen lass ich ab von dir
Der letzte Kuss - im Geist verweht
Was du denkst bleibst du mir schuldig
Was ich fühle das verdanke ich dir
Ich danke dir für all die Liebe
Ich danke dir in Ewigkeit
Ich verlasse heut' dein Herz
Verlasse deine Liebe
Ich verlasse dein Herz
Dein Leben - deine Kusse
Deine Wärme - deine Nähe -
Deine Zärtlichkeit
Acho que flores brancas combinam bem com um túmulo que quase nunca recebe visitas.
Eu queria estar no lugar de vocês, pra quem ainda não é tarde demais...
;)
Postado por Katze Yue às 00:51 1 comentários
Amores
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Acabo de encontrar um poema que escrevi há dois meses.
What are we supposed to do
Our children spread their wings and leave the nest
But when we get used to loneliness
There they are, shattered, with closed eyes,
just craving for some rest
Not every night is silent and dark
Not every road leads us somewhere
Not every eye is able to stare
at the truth... and keep on being blind
And not every grown-up knows how to be strong
Whenever we're caught up by fragments of tears
In spite of the bright path our eyes know how to see
Our heart seems to foretell we'll end up all alone
And there may be a time
of the flowers' rebirth
When no song will reach our ears
But six feet over her
The pain in his warm sigh
will make sure that feelings remain
Even though never on this Earth
"I hope someday we meet again".
E por mais que eu esteja cansada de ficar pensando em amor e coisas do tipo, acabei percebendo que ler esse texto de novo ajudou a despertar algo que estava adormecido há meses, e vem lentamente ressugindo desde a semana passada.
Sempre há algo que escapa à nossa percepção e impede que tomemos nossas próprias decisões em relação a sentimentos. Infelizmente, agora não tenho muito o que dizer sobre isso, mas sei que a sensação de deitar-se à noite pensando em alguém diferente, com o coração repleto de carinho pelo que se está conhecendo e de paixão pelo desconhecido, nunca é menos intensa. Como também a sensação de magoar alguém nunca se torna menos deprimente.
Também descobri que não são só os meus poemas que têm prazo de validade, depois do qual eu os considero lixo impublicável. A pessoa que me inspirou para o texto acima, hoje em dia ama outra, e de maneira mais realista e bem mais terrível. Só espero que isso volte a mudar muito em breve.
Quanto a mim... muito mais fácil seria a vida se pudesse ser resumida a escrever sobre os problemas dos outros!! Mas felizmente isso jamais acontecerá.
^^
O que eu sei é que, bem no fundo, amo, e muito. Não ter a quem direcionar tudo isso é o que o torna mais perigoso e mais incontestável. E não ter como expressá-lo em palavras menos previsíveis é o que contribui para que, a cada vez que me fecho, tenha mais certeza da impossibilidade de abrir a alma novamente - até que tudo aconteça da maneira mais inesperada.
Belas palavras sempre foram como um vestido branco de seda, a cobrir um jovem cadáver mutilado.
Postado por Katze Yue às 04:20 2 comentários
Stairway
sábado, 18 de abril de 2009
– E tem uma escada que sobe lá pra cima, então acho que deve ser aí mesmo.
– ...
– Nossa, escada que sobe pra cima, que besteira eu estou dizendo! Se sobe, só pode ser pra cima!
– ...
Foi nesse momento que eu comecei a pensar, é verdade que todas as escadas que sobem vão pra cima mesmo? Subir significa sempre chegar a um lugar mais alto? E tudo que é mais alto exige uma ascensão para ser alcançado?
Estávamos diante de uma porta escura, pouco depois da meia noite, e descobrimos que aquele era mesmo o lugar que estávamos procurando. Subimos - e ao final da escada tínhamos descido um andar na escala humana. A luz branca, mais conhecida como luz negra, piscava incessantemente. Nuvens de gelo seco transformavam-se em cortinas de densa fumaça, cápsulas que paravam o tempo, para que restasse apenas o surreal em meio ao qual silhuetas escuras moviam-se no ritmo do darkwave.
Ao fundo, sinalizada por uma luz vermelha, outra escada levava ao segundo andar. Ao atravessar a estreita porta preta, via-se garrafas opacas e cinzeiros cheios a dividir espaço com algumas velas, sobre mesas de madeira antiga ao redor das quais alguns conversavam em voz baixa e outros circulavam em silêncio.
Talvez o antro estivesse localizado no topo de escadarias para que se tivesse a sensação de proximidade com algo superior. Ou talvez o próprio ambiente fosse de fato superior ao que se vê sob a luz do dia. De qualquer forma, é possível que os degraus que levam ao Paraíso terminem no centro da Terra, em um ambiente ainda mais silencioso e escuro do que aquele em que estivemos ontem à noite.
There's a lady who's sure all that glitters is gold
And she's buying a stairway to heaven
And when she gets there she knows if the stores are all closed
With a word she can get what she came for
Woe...
And she's buying a stairway to heaven
There's a sign on the wall but she wants to be sure
'Cause you know sometimes words have two meanings
In the tree by the brook there's a songbird who sings
Sometimes all of our thoughts are misgiven
Woe...
And it makes me wonder
There's a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking
Woe...
And it makes me wonder
And it's whispered that soon, if we all call the tune
Then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long
And the forest will echode with laughter
If there's a bustle in your hedgerow
Don't be alarmed now
It's just a spring clean for the May Queen
Yes there are two paths you can go by
But in the long run
There's still time to change the road you're on
And it makes me wonder
Your head is humming and it won't go because you don't know
The piper's calling you to join him
Dear lady can't you hear the wind blow and did you know
Your stairway lies on the whispering wind
And as we wind on down the road
Our shadows taller than our souls
There walks a lady we all know
Who shines white light and wants to show
How everything still turns to gold
And if you listen very hard
The tune will come to you at last
When all are one and one is all
To be a rock and not to roll
Woe...
And she's buying a stairway to heaven
***
Postado por Katze Yue às 17:18 1 comentários
Nome
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Ontem cheguei em casa e minha mãe disse: "esta é a música que me inspirou a escolher o seu nome". E ouvi a música sem emoção alguma, não só porque não gostasse de samba, mas porque já desisti de dar importância a essas coisas.
Nomes, nomes, nomes... quem precisa deles? Rótulos, classificações, definições, é a mesma porcaria, a criação da falsa necessidade de entender tudo.
O que você pensa quando vê duas garotas se beijarem? Quando vê uma criança andando descalça na rua se o termômetro marca 17 graus? Quando vê um morador da CDHU ganhar uma casa, um carro e um monte de barras de ouro na Telesena?
O que pensa quando um homem cuja mãe traiu o pai com um judeu decide se vingar exterminando os judeus de todo o mundo? Quando uma jovem fica grávida do nada, e diz que o filho é de Deus?
Para tudo existem nomes, opiniões pré formadas. Não, não estou dizendo que se deva tolerar tudo e não tomar partido em situação alguma, não encontrar nada por que valha a pena lutar - mas se houvesse menos nomes no mundo, talvez fosse tudo mais fácil. Não teríamos que ouvir coisas como "você é gótica?" "você é lésbica?" "você é feiticeira?" "o que você faz da vida?"
Isso faz muito menos diferença em quem sou, do que duas ou três linhas que escrevo. Manter as aparências? Foda-se.
Postado por Katze Yue às 23:58 1 comentários
Sem palavras
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Mas sentia-se mal. De dentro do ônibus observava a chuva diluir o retrato do mundo externo que se via pelas janelas, e pareceu-lhe que as formas se esvaíam lentamente e deixavam só o interior das pessoas à mostra, em todos os detalhes de suas terríveis deformidades.
Ao deixar aquele mar de gente e mochilas e sono e aparelhos de mp3 que é o transporte público de manhã, sentiu a garoa gelada na pele e nem se deu ao trabalho de tirar os óculos. Ao parar diante de um farol fechado para pedestres, reparou no barulho de uma velha porta de ferro sendo aberta atrás de si. Então aproveitou para entrar no bar e comprou um único cigarro - o primeiro de sua vida.
Enquanto atravessava a avenida, finalmente lhe ocorreu um pensamento: Mas já é quarta feira? O último banho que tomei foi no domingo, meu deus.
Seguiu caminhando por mais vinte e um minutos até o escritório onde trabalhava, e lá dentro cada segundo demorava um dia inteiro pra passar e deixar o caminho livre para o próximo minuto e para a próxima hora e o próximo mês e o ano seguinte e assim até que a Nova Era ficasse velha. A cada instante ela também piorava, e ao deixar o prédio ao final do dia, ninguém sabia quem era aquela velha vestida em farrapos manchados de sangue.
Mas finalmente chegou a noite e nos encontramos, na praça dos ipês atrás do terminal de ônibus. Ao vê-la aproximar-se com os cabelos esvoaçando, usando uma correntinha de prata que eu lhe dera e a mesma calça jeans de sempre, me perguntei como é possível que tanta gente veja só o lado ruim da vida. Quando chegou mais perto, andando com dificuldade por sobre as minúsculas flores amarelas caídas, era uma princesa caminhando por uma estrada de ouro.
Sorrimos uma para a outra, e pude notar que tremia de frio. Tirei meu sobretudo e a envolvi num abraço morno.
Palavras teriam sido inúteis; eu a amava incondicionalmente.
Postado por Katze Yue às 22:56 1 comentários
É muita controvérsia
Se a gente começa a vida já no caminho certo, estudando e trabalhando com esforço, andando com pessoas de bem e sem vícios, acaba descontando tudo de uma vez só quando cansa de ficar cansado de ser excluído. Aí a gente descobre o próprio poder de revolta e decide que não tem problema ficar puto de vez em quando. Os bons princípios continuam lá, vigilantes, mas aos poucos a gente vai deixando de lado a paranoia até achar um equilíbrio.
E se a gente já estreia nesse mundo andando por atalhos tortos pra lugares imprevisíveis, morrendo a cada ressaca pra renascer a cada cigarro e dando risada até a barriga doer mais do que as costas quando a gente acorda na calçada de um bairo desconhecido, de uma hora pra outra resolve arrumar um emprego, ser fiel a uma mulher e buscar um deus. Mas não sabe muito bem como esquecer a vadiagem e acaba conservando lá no fundo alguns traços da personalidade de inútil.
Mas, e depois? Depois que se atinge esse equilíbrio, o que acontece? Com o tempo, um dos dois lados vai voltando a falar mais alto, não dá pra ficar nesse negócio de final feliz. E o que a gente faz, segue os impulsos ou as origens?
A gente descobre que agora tem que encontrar um equilíbrio entre o lado mais forte e o próprio equilíbrio - e nem é tão difícil assim, mas nessa altura já nem dá pra lembrar como era ter paz e seguir uma coisa só e ser uma pessoa só. Por que diabos a vida tinha que ser em ciclos. Tudo bem, se fosse uma linha reta ia ser insuportável, mas à vezes a Terra gira tanto que dá uma tontura.
No fim, o tempo é curto demais pra desperdiçar aqueles momentos únicos sempre em estado de alerta, mas isso vira uma constante e aí já era. A única coisa estável que a gente consegue é a instabilidade, a eterna incerteza do errado.
E quem não concorda com nada disso, eu acho que deveria começar a viver.
Postado por Katze Yue às 00:56 1 comentários
Gerações
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Quando as mocinhas jovens vão até as mocinhas idosas e lhes pedem emprestado o isqueiro para acenderem um cigarro, as mocinhas idosas olham bem no fundo dos olhos das mocinhas jovens e emprestam o isqueiro sem dizer nadinha.
As mocinhas idosas queriam poder dizer às mocinhas jovens que não fumassem, que o cigarro faz mal e todo mundo sabe disso, que no tempo delas fumar era muito bonito mas hoje em dia se tem muito mais informação. Mas sabem que não terão moral para convencer as mocinhas jovens disso, e olhando bem no fundo dos olhos delas, simplesmente emprestam o isquero caladas.
E as mocinhas jovens queriam poder dizer às mocinhas idosas que é bom viver algumas aventuras na vida sem ter que confessar tudo a um padre no fim de semana, que não é preciso casar pra ser feliz e que não é doença nenhuma quando um homem namora outro. Mas sabem que não terão moral para convencer as mocinhas idosas disso, e olhando bem no fundo dos olhos delas, simplesmente pegam o isqueiro e acendem um cigarro caladas.
Postado por Katze Yue às 16:40 1 comentários
Águas turvas
É, acabou a terça feira. Trabalhar, ler/escrever em casa, ir pro curso. Essa semana ainda temos o adicional da bagunça de reforma pela casa, e de todas as minhas coisas importantes terem sido transferidas para a lavanderia, pra um cantinho impossível de alcançar.
Não me entendam mal, eu sempre adorei bagunça de reforma. O problema é que dessa vez ela está muito murcha!! Estou até podendo dormir na minha própria cama, olha só.
Eu adorava quando era menor e as reformas me obrigavam a dormir só no colchão, sobre o chão da lavanderia. E quando tiveram que levar todas as minhas coisas da escola e minhas papeladas lá pra cima, e eu passava o dia inteiro lendo e escrevendo... a imaginação ia tão longe!!
Caramba, que estranho, só estou reparando agora que reformas na casa sempre marcaram 'reformas' importantes também na minha vida. Lembro-me de duas em especial: uma de quando eu tinha uns 12 anos, e os sofás amontoados perto do computador acabaram de alguma forma se fundindo com a história do livro que eu estava lendo, Sozinha no mundo. Depois dessa reforma não ganhei só um quarto praticamente 0km, mas também aprendi a gostar dessa mania de independência que a bagunça e a história me inspiraram, tanto que só andava de mochila pra cima e pra baixo dentro de casa - e quando me perguntavam se eu ia fugir, a única resposta que eu queria mesmo dar era SIM!!!
Já aos 17, meu quarto foi reformado novamente, e de súbito a vida mudou. Consegui meu primeiro estágio, comecei a ter uma vida espiritual de verdade, e ao fim do dia, quando deitava no colchão atrás do freezer, eu nem sabia por onde começar a ficar feliz.
Hoje estou há um mês nesse emprego que adoro, finalmente dando continuidade ao projeto do meu primeiro livro, planejando voltar a estudar em breve e sair de casa. Estou super solteira e disponível há exatamente um ano e ainda não me acostumei muito bem. Rammstein e Metallica são minha principal trilha sonora.
Mas hoje, quando bate aquele sentimento de peso no coração, já não sei muito bem o que devo pensar. As coisas são de verdade, a brincadeira de fugir de casa, a certeza de não conseguir confiar plenamente em ninguém, o compromisso com o emprego e com a fé são de verdade. Ainda bem que tive pelo menos esses treinos - e com meus próprios ossos fraturados construí um barco para navegar por sobre os problemas.
Não sei se na próxima reforma vou sentir falta de terminar TODOS os meus textos com filosofias vagas e sem conclusão alguma - aliás, não pretendo morar nesta casa até lá, mas isso eu já cansei de falar e é uma outra história. Mas sei que, toda vez que o barco está quase virando pra um lado, de repente cai pro outro. Tem sido assim entre a alegria e a tristeza através dos dias, entre o bem e o mal através dos anos.
Eu juro que não sei por que fui nascer sob o signo de Balança.
Aposto que quando eu finalmente encontrar um equilíbrio e estiver navegando por águas tranquilas, vou acabar ficando presa em uma praia e quase morrer de sede, então vou tomar coragem de sair caminhando e por pouco não morrerei afogada, até chegar a uma terra completamente desconhecida. Então, nunca mais encontrarei o caminho de volta.
Ora, que assim seja.
Postado por Katze Yue às 00:09 1 comentários
Calafrios
segunda-feira, 13 de abril de 2009
O ar gelado da noite faz-me lembrar nitidamente de quando eu era algo que nunca existiu. Todos os dias de minha vida, sinto que guardo no coração as memórias dessa época, mas a cada vez que procuro compreendê-las, descubro em minha mente uma caixa de Pandora já vazia - tarde demais.
(Ainda bem que tatuei a esperança nas costas antes que ela fugisse)
Recordo-me de uma clareira em meio a árvores silenciosas e folhas que brilhavam negras sob as estrelas; eram olhos que vigiavam minha inocência. E o som tão familiar dos galhos caídos ao chão estalando sob meus pés que se moviam lentamente, lentamente, na escuridão.
Minhas pesadas vestes proporcionavam a sensação de que o coração batia forte por causa do cansaço de carregá-las, e não pela consciência pesada ou pelo pavor profundo. Mal conseguia levantar os joelhos o suficiente para dar o próximo passo, sem ter que arrastar os pés sobre as folhas secas e perturbar a atmosfera sepulcral que se abatia sobre mim, sobre nós. Mas somente eu permanecia acordada - talvez se estivesse de olhos fechados pudesse enxergar mais claramente.
E nesse instante se encerram as cortinas de minha memória. Ainda se fosse uma virgem, talvez o véu se revelasse transparente diante de meus olhos. No entanto, ouço apenas um grito e nada sei do que aconteceu daí em diante.
Seria este o momento de dizer "e eis que toca o despertador"? Bem, talvez, se eu estivesse tentando escrever ficção.
E essa cena parece música, mas eu mesma só me dei conta disso alguns anos depois da primeira vez que me lembrei de tudo isso. À época não conhecia Nirvana.
In the pines, in the pines,
where the sun don't ever shine,
I would shiver the whole night through
Agora, nesta 'quase madrugada' de outono, recupero os remotos instintos de fazer o mínimo de barulho possível enquanto caminho. Não preciso de árvores por perto para ouvir o sussurro das folhas pequeninas e abundantes nos galhos altos, quando o vento as acaricia. Mas seus olhos se fecharam porque já não há inocência alguma para ser vigiada.
Seria mais fácil voar para as colinas distantes de campos verdes, flores e cachoeiras do Elton John. Mas em minha terra de pinheiros o Sol não há de nascer. Aos poucos o sono me leva, em meio a calafrios. I will shiver the whole night through.
Postado por Katze Yue às 23:09 2 comentários
Luz e sombra
Há algumas horas, saindo do trabalho, comecei a refletir sobre a vida, como sempre faço. O problema é quando essas reflexões não trazem a paz de coração ou a vontade de seguir adiante que um dia já me proporcionaram. Estou segurando somente uma semente, que eu não sei em que se transformaria caso brotasse, que perfume teriam suas flores ou qual seria a cor de seus frutos. Porém, não consigo encontrar um solo fértil onde depositá-la. E para regar os muitos terrenos desconhecidos por que tenho passeado, só tenho algumas lágrimas de cansaço e de dores antigas.
É muito triste, quando a gente tem a fé mais profunda na espiritualidade e nas causas ocultas pra todas as coisas, e parece cansada diante da vida, mesmo com tantos caminhos abertos à frente e ao redor. Eu sei que são muitos os recursos que tenho pra resolver isso, mas recentemente vários deles não têm dado certo, e o instinto de fechar as portas pro mal não entrar de novo é automático. E dá medo pensar que o que eu tenho de mente aberta, tenho de coração fechado.
E se tudo isso lhe parece futilidade pós-adolescente, é porque você já está na faixa dos 40 (o que pode ser muito bom) e esqueceu como é não saber nadinha do futuro (o que certamente é péssimo). Cara, infelizmente, pra pessoas assim eu só tenho uma coisa a dizer... FODA-SE >.<
Sabe, só o que não quero é me tornar uma pessoa comum, com uma vida que avança lentamente e em progressão linear. Há seis meses tatuei nas costas a frase ...und die Hoffnung tief im Herz, exatamente pra momentos como esse, e aos poucos recupero um lampejo de esperança e tenho certeza de que tudo vai dar certo. Só não sei ainda como, quando, onde, e muito menos com quem. No entanto, se a gente pode afirmar que "Sem luz não existe sombra", também está certo dizer que toda luz cria sombra. E sentar-se à sombra pra pensar um pouco na vida é atitude digna de uma pessoa iluminada.
Eu acho.
Postado por Katze Yue às 16:24 0 comentários
(parênteses)
Ainda a Marisa Monte
Apesar de tudo existe
uma fonte de água pura
Quem beber daquela água não terá mais amargura...
Postado por Katze Yue às 00:02 0 comentários
Páscoa
domingo, 12 de abril de 2009
Ah, finalmente o domingo de Páscoa. Tive sim uma feliz páscoa, estava sem comer chocolate desde a quarta-feira de cinzas, viciada do jeito que sempre fui, acredita!
Mas daqui dá pra ouvir tocando a Marisa Monte lá em cima, que música linda =) é, MPB, mas com uma letra dessas não tem como!!!
A sala, o quarto, a casa está vazia,
a cozinha, o corredor
Se nos meus braços ela não se aninha,
a dor é minha dor...
Fora isso, continuo normal, alimentando minhas ilusões e planejando coisas simples com expectativa em demasia.
Agora preciso muito ir dormir.
Obrigada pela atenção, caríssimos =) fiquem com Deus, com todos os deuses em que acreditarem...
Se a sua espada é de ouro,
sua coroa é de rei
***
Postado por Katze Yue às 23:10 1 comentários
Saudações
sábado, 11 de abril de 2009
Como é difícil dar nome às coisas, né. Eu doida pra escrever logo as minhas besteiras e tenho que ficar perdendo tempo pensando em um nome pro blog, em uma URL que não aceita cê cedilha! Mundo moderno não é só alegria.
Aliás, eu nem sei desde quando penso assim. Pra muitas coisas sou meio clássica, sabe; acredito em mandar chocolates e rosas vermelhas, em declarações de amor de joelhos e em público, em carregar a mulher no colo. Só não sei mais se acredito em fidelidade, "até que a morte os separe", essas coisas. A gente não precisa nem completar 20 anos pra conhecer um pouquinho da vida, só precisa de dois fatores:
1- Dar um jeito de tirar lições de todas as merdas que a gente faz
2- fazer merda, pra ter de onde tirar lições.
Ah, mas talvez essas palavras meio sem nexo (meio? ora, não seja modesta) não sejam besteiras não. Sonhar nunca foi besteira. E eu fico escrevendo aqui enquanto estou acordada, já que refletir sobre os sonhos que a gente tem na vida é super cansativo. NÃO, isso não quer dizer que eu tenha preguiça de fazer planos! Mas sim que eles têm me tomado bastante tempo (felizmente), nessa fase da vida em que estou, e é bom distrair a cabeça. Qualquer hora dessas eu conto mais sobre os meus projetos secretos.
Quase esqueci de falar: também acredito em mandar chocolates e rosas vermelhas aos rapazes, em declarações públicas (o que não quer dizer cafonas e constrangedoras) aos rapazes, e só não falo em carregá-los no colo porque os meus 50kg nunca seriam capazes disso... sou cavalheira assumida, e quem não gostar, é melhor não ter esperança xD
Tá, já não gostei do estilo muitostentampoucosconseguem dessa última frase. Não mesmo. Odeio patricinhas, odeio cor de rosa (agora é sem hífen, né?) , não suporto bichinhos de pelúcia e coraçõezinhos e nem a palavra EXAGERO. O que é exagero? Vida sem exagero não é vida, na verdade não é nem existência, é só um grande nada - uma moldura de covardia, preguiça e conformismo dentro da qual não se vê quadro algum, mas só a parede branca encardida do outro lado.
E vontade de terminar este post eu não tenho mesmo, mas parece que já tá na hora, então vou deixar aqui o link de uma música bem linda, que dificilmente alguém não vá reconhecer. A letra tá aí também, soltem a voz. E até a próxima, ou não.
Turn me loose from your hands
Let me fly to distant lands
Over green fields, trees and mountains
Flowers and forest fountains
Home along the lanes of the skyway
For this dark and lonely room
Projects a shadow cast in gloom
And my eyes are mirrors
Of the world outside
Thinking of the way
That the wind can turn the tide
And these shadows turn
From purple into gray
For just a Skyline Pigeon
Dreaming of the open
Waiting for the day
He can spread his wings
And fly away again
Fly away skyline pigeon fly
Towards the dreams
You've left so very far behind
Let me wake up in the morning
To the smell of new mown hay
To laugh and cry, to live and die
In the brightness of my day
I want to hear the pealing bells
Of distant churches sing
But most of all please free me
From this aching metal ring
And open out this cage towards the sun
For just a Skyline Pigeon
Dreaming of the open
Waiting for the day
He can spread his wings
And fly away again
Fly away skyline pigeon fly
Towards the dreams
You've left so very far behind
Já sei qual vai ser o nome disto aqui: Incerteza do Errado. Nada a ver, né!
Postado por Katze Yue às 16:18 2 comentários