Desconhecidos serão sempre muito benvindos por aqui.
Já os conhecidos, bem, não sei fazer milagres.
Só pra esclarecer
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Postado por Katze Yue às 13:28 1 comentários
Pânico, agora sim Pânico
uma resposta ao pesadelo da manhã?
O que pode estar do outro lado,
do monitor
do telefone
do travesseiro?
Sei que foi tão horrível que estou acordada até agora -
- acordada esperando que o agora não seja tão horrível.
Postado por Katze Yue às 01:45 0 comentários
Mais Vinicius
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Trecho de Elegia desesperada
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.
Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.
Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.
Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.
Postado por Katze Yue às 17:05 0 comentários
shhh...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto …
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac
Postado por Katze Yue às 01:43 0 comentários
Ausência do amor total
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
O dia amanheceu tarde, primeiro de dezembro, enfim o sabor de fim de ano. Fome, som de pagode do outro lado da rua, sutil sensação de calor.
Mas a tranquilidade, o silêncio. Em algum universo paralelo estou sentada à beira do mar.
Será que é isso que acontece quando não se enxerga mais (quase) nada com que se importar?
Então acho que estou compreendendo os suicidas.
Vinicius de Moraes, que delícia *-*
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
diz tanto nesse momento...
mas também tem outro que não pode faltar, ah, eu sei que não pode!
Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
*
Postado por Katze Yue às 14:08 0 comentários