Outro dia perguntei a duas alunas onde guardavam seus diários; o objetivo era revisar in, on, under, essas coisas. Uma delas afirmou não manter diário algum; a outra respondeu "in my purse".
Então olhei seu sorriso de quase 18 anos e lembrei-me de algo que não aconteceu. Ah, fazia tempo que eu não tinha dessas lembranças.
Alguns meses atrás, teria desejado estar dentro daquele diário, e não me importaria com as páginas rosadas e floridas. Porque me sentiria bem com ela, tomando ares tão diferentes dos meus negro-solitários. E porque estaria sendo importante para ela, meu pequeno corpo dividindo espaço com mil coisinhas de cabelo ruivo.
Lembrei-me do que eu teria pensado, do que teria sonhado à noite, músicas pop e risos adolescentes em tons pasteis.
Mas não me espantei ao não sentir falta dessas coisas; não por causa de não fazer mais parte daquele mundo nem por estar consciente disso. É que hoje sei definir o amor de várias outras maneiras. Tenho só dois anos a mais que a garota do diário, dois anos e dois meses, e as coisas são tão diferentes.
Já amei com inocência e pureza, já passei noites sem dormir e sem acordar por causa de paixões, já sofri por muitas pessoas em muito pouco tempo até desistir de acreditar, e já machuquei sem conseguir sentir dó.
Mas só é amor de verdade quando é diferente, eu acho. Quando é a primeira vez de novo. Senão é repetição e rotina, e pra isso já não tenho forças, aliás, pobre de quem as tem. Amor é necessidade de viver - com ou sem depressão e loucuras hormonais, com ou sem cigarro e chocolate, com a cama quente ou fria. Ainda é necessidade de viver.
Por isso não me fez falta alguma deixar uma marquinha sequer no tal diário. Hoje o amor é outro, e é tudo. Diário até eu tenho, é exatamente isto aqui, já apelidado duas ou três vezes "caixinha de mágoas". Mas começo a me lembrar que também existe uma caixinha de alegrias.
Diary of dreams?
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Postado por Katze Yue às 15:00 0 comentários
Ghost of Freedom
sábado, 21 de novembro de 2009
E fez-se a luz novamente, pintada de preto, vestindo risos pálidos, há muito tempo escondidos atrás das imagens falsamente perfeitas.
Dentro de alguns dias mais, desfaz-se a ilusão, e vem a cruel certeza, a notícia anunciada por voz inaudível. Sim, estou doente, e doente sozinha. Não, isto não tira o frescor de sentimentos como aquele - é algo maior, e não sei o que fazer, e estou só e o tempo (ele de novo!) é outra espécie de "caixinha de mágoas".
Postado por Katze Yue às 02:44 0 comentários
* Blackout *
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Apagaram as luzes dos quartos, mas ninguém foi dormir. Desligaram os computadores e ninguém gostou. As ruas escureceram ainda mais, e o silêncio não foi tranquilidade, mas sim surpresa.
Nada pode unir mais do que a ruptura brisca da individualidade. Ordem, planos, sistemas devem ser abalados, devem ser falhos, mas não podem. Não se sabe desde quando nos controlam, isso também nos foi arrancado da memória. E caminhar sem enxergar o chão nem vislumbrar destino, sem que as luzes amarelas nos ofusquem, e respirar a quietude fresca da terça-feira que ninguém esperava, com isso não sabemos o que fazer.
Só restou escovar os dentes, apagar as velas sem soprá-las, e abrir a janela do quarto ao invés de fechá-la. Sem poder ouvir o semáforo lá da esquina mudando de cor, deitei-me sentindo o escoar da vida, a escuridão levando o tempo embora, e fechar os olhos foi um desperdício, uma quase morte dentro da noite pesada.
Postado por Katze Yue às 01:39 0 comentários
Lord, I question whether I've had my fill
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Tenho pensado tantas vezes antes de cada palavra que escrevo, todas elas aprofundam o sentimento de culpa por acreditar que está próximo o dia de encontrar algo que estou procurando.
Enxergar a vida como ela é não é fácil, viver não é fácil, é o que dizem muitos. A questão é, supondo que se consiga, será que vale a pena e o resultado é bom mesmo?
Lord, I question whether I've had my fill
Lord, I question whether I can take much more
You may laugh as I lay here bleeding
No more afters or befores
Once my blood was strong but now it's jaded and it's thin
Unlike you I can still tell right from wrong
Postado por Katze Yue às 03:15 0 comentários